domingo, 28 de outubro de 2007

Tornando o blog público?!

Confesso que é bem estranha essa resolução de tornar público o acesso ao blog. É o tipo de coisa que não faz muito o meu gênero... Mas tenho alguns motivos plausíveis para decidir dessa maneira. Assim, leitor, seja bem-vindo a estas páginas inúteis. =)

O “àlatombée...”, que existe desde 2006, sempre foi público. Entretanto, ao voltar à ativa em Abril de 2007, depois de seis meses de desatualização, teve o acesso restrito a uma única pessoa, ou seja, a mim.
O que aconteceu foi que, assim como o meu profile no Orkut, o blog se transformou numa espécie de gaveta onde se colocam as coisas para organizá-las e, assim, não esquecê-las pelo caminho. Eu tenho as minhas manias de listas e classificações, e isso se reflete numa página do Orkut que mais parece um baú onde se joga tudo aquilo com o que já se teve algum contato e se apreciou e, obviamente, se reflete aqui também: um blog que mais parece um arquivo velho de escritos, um registro antigo de textos variados, enfim, um grande caderno amarelado e rabiscado.
As razões para descortinar esses textos e permitir que outras pessoas dêem seus cliques por aqui são, principalmente, duas. A primeira se relaciona com uma conversa que tive recentemente com uma amiga. A conversa girou basicamente sobre a imagem muitas vezes distorcida que as pessoas têm umas das outras.
Esse é um ponto interessante nas relações humanas, pois nem sempre gostamos da imagem que o outro forma de nós. Porém, ao mesmo tempo, não somos o que achamos que somos, mas na verdade somos justamente essa construção que os outros fazem da gente.
O impasse surge quando sabemos, de alguma forma, que essa imagem está completamente errada e, assim, isso começa a nos incomodar. Geralmente, a solução encontrada é fazer algo para mudar essa imagem de acordo com o que achamos mais coerente, afinal, é a identidade do nosso “eu” em sociedade que está em jogo.
Você pode me perguntar: ok, mas e o que tudo isso tem a ver com um simples blog?
E eu respondo: quando escrevemos, querendo ou não, expomos não só a nossa visão de mundo, mas um pouco de nós mesmos nas nossas palavras. Quando se escreve, se desenha uma imagem que, na minha opinião, ajuda no conhecimento de um outro ser, de uma outra mente. Eu particularmente não tenho a mínima idéia da imagem que têm de mim (e prefiro continuar sem saber), mas gostaria que essa imagem não fosse, talvez, desprovida de oportunidades de lapidação, aprofundamento ou pluralidade. Às vezes, você não imagina que fulano goste de
x ou conheça y, mas ele gosta e conhece, e isso faz com que o seu conhecimento dele, precário ou não, vá se moldando de uma forma mais coerente. Ficou mais ou menos claro?
A outra razão também veio de uma outra conversa, essa um pouco mais antiga. Ela dizia respeito ao poder da criação e da arte como meios de modificação e atuação no mundo. Nos detivemos, mais especificamente, sobre o porquê de sempre engavetarmos tudo aquilo que fazemos. Por que sempre achamos que está ruim? Por que não mostrar para alguém? Por que enclausurar idéias, projetos, sonhos e possibilidades simplesmente por acreditar que não vale a pena? Todos esses questionamentos saíram de um trio onde: uma escreve peças de teatro, roteiros de filmes e até livros, o outro é músico e compõe e, bem, eu, que não faço nada com nada.
Enfim, a conversa era essa e ela me fez pensar nas possibilidades de ação e reflexão que as coisas que fazemos e engavetamos podem estar deixando de gerar. Eu sempre digo: escreva, desenhe, cante, dance, se expresse. Não esconda aquilo que faz, não esconda o seu poder de criação em meio a um mundo em que tudo se compra pronto. O que você faz pode trazer uma vírgula que seja de diferença no espaço do universo e, acredite, só esse pouquinho já vale a pena.
Dessa forma, estou abrindo as portas dessa bagunça aqui principalmente por esses dois motivos. Isso não quer dizer de forma alguma que eu tenho a intenção de mudar uma vírgula no universo com essas palavras (quem sou eu para fazer isso?), muito pelo contrário, acho esses textos uma grande perda de caracteres (e de tempo). E como sei que posso em breve me arrepender de tornar o blog público, ficarei com a chave a postos para, em meio a qualquer eventualidade, esconder tudo novamente. =)
Desde a semana passada estou arrumando a casa, varrendo, limpando, organizando tudo. Editei alguns trechos de posts, terminei outros vários que estavam inacabados, mas essa tarefa é um processo que demanda um tempo que nem sempre tenho disponível e, por isso, alguns poucos posts ficarão momentaneamente inacessíveis. Peço desculpas por isso.

Assim, novamente, seja-bem vindo! (seja lá quem você for).
Leia, rabisque seus comentários, critique, questione, corrija, importune, passeie à vontade. Movimente isso aqui nem que seja só com os seus olhos cansados percorrendo a tela. Está tudo aí: palavras soltas sobre música, filmes, livros, textos sobre nada, contos, textos nonsense, fotos, letras, vídeos... Divirta-se! (ou não...). =)

Até!

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