sexta-feira, 26 de outubro de 2007

“In rainbows”

Sim, leitor, pois é: Radiohead.
As minhas audições do novo álbum do Radiohead, “In rainbows”, estão se desenrolando suavemente e muito bem, obrigada.
O meu período ainda não totalmente superado de desinformação em relação ao mundo, incluindo nessa cesta a cena musical como um todo, infelizmente me impediu de acompanhar a expectativa, especulações e as reações frente à chegada desse álbum.
Mas, mesmo assim, acho que isso não fará diferença frente às minhas sensações relacionadas à primeira audição, que deixaram um leve sabor de gostei-das-músicas-finais-e-das-iniciais-será-um-processo-à-la-“Idioteque”. Ok, deixe-me explicar, é simples.
Quando escutei “Idioteque” pela primeira vez, eu sinceramente não gostei. Entretanto, hoje ela é muitas vezes a primeira música da lista quando penso em escutar Radiohead na playlist do Windows Media Player. Desse modo, a primeira audição do início do “In rainbows” me deixou com esse sabor de não-gostei-mas-vou-gostar que, agora, já depois de algumas audições, está se confirmando. Já estou apreciando de verdade a primeira parte do álbum que, como um todo, tem se mostrado como uma ótima companhia.

Música a música:

15 step”: o álbum começa num tom de rave-africana-espanhola. Não sei, essa é a minha impressão. Ela tem o aspecto eletrônico, a alegria e essa batida quase de dança flamenca. É uma música pra se sair rodopiando. Há momentos em que certas características dela se acentuam mais e outras menos, e quando mistura tudo... Fica bom. O aspecto eletrônico não ficou muito marcado, o que a deixaria deslocada e estranha para ser a primeira do álbum.
trecho da letra: “you used to be alright / what happened?”.

Bodysnatchers”: uma espécie de continuação de “15 Step”, só que mais agitada. Essa sim dá pra sair dançando por aí. A voz do Thom Yorke está mais rock n’roll nessa música do que em qualquer outra. É a música mais pulsante do álbum todo. É só sair se balançando. Quando ela chega na metade... A parte instrumental destoante do resto... Muito bom! Vamos lá, gira e gira e gira...!
trecho da letra: “I have no idea what you are talking about / I'm trapped in this body and can't get out”.

Nude”: uma música sintética e lírica, feita de plástico derretido. A voz do Thom Yorke parece mais incisiva com o acompanhamento dos instrumentos fazendo um som ácido. Linda música, linda letra. O finalzinho dela me fez lembrar de “How to disappear completely”.
trecho da letra: “now that you've found it, it's gone / now that you feel it, you don't”.

Weird fishes / arpeggi”: essa aqui começa no estilo vamos-balançar-os-braços-e-mexer-os-pés. Ela continua nessa levada e parece que estamos num mar de ondas elétricas e suaves, com ecos e uma movimentação rítmica constante e quase ensurdecedora. Bom final, com o trecho em suspenso.
trecho da letra: “in the deepest ocean / the bottom of the sea / your eyes / they turn me”.

All I need”: primeira música que escutei. Ela tem um fundo sonoro um pouco duro no início, mas que é quebrado perfeitamente com uma voz doce e uma bela letra. O refrão parece a entrada num castelo, com um pouco de magia espalhada displicentemente. Ela mantém os barulhos sintéticos ora ou outra, o refrão é bonito e o final parece uma grande corrida rumo a um abraço.
trecho da letra: “I am all the days that you choose to ignore”.

Faust arp”: tenho uma grande simpatia por essa. É uma música harmônica, mas mesmo assim de desencontro, principalmente entre a voz e a melodia em si. Gosto da instrumentação toda. É suave, suave.
trecho da letra: “watch me fall / like dominos”.

Reckoner”: de início parece um pouco com um maquinário, mas depois entra uma guitarra bem comportada e a voz quebra a atmosfera. Parece uma música de ir-embora, de viagem, aquela que a gente escuta na estrada balançando de leve a cabeça. Quando a escuto consigo imaginar uma rodovia sem grandes dificuldades. Alguém dirigindo com uma bolsa no banco do passageiro. Um pouco de silêncio e a atenção na estrada. Gostei do final sem fim.
trecho da letra: “you are not to blame for / bittersweet distractor”.

House of cards”: quando a escutei pela primeira vez, pensei: “forte candidata à música preferida”. Adorei a levada, a letra. O tom de espaço amplo e arejado. A batida marcada e sem pretensão, o início estendido... Ótima música.
trecho da letra: “I don't wanna be your friend / I just wanna be your lover / no matter how it ends / no matter how it starts / care about your house of cards / and I'll deal mine”.

Jigsaw falling into place”: um viva aos instrumentos de corda e aos “hmmm”. A voz do Thom Yorke está um pouco seca e áspera, e isso deu uma combinação interessante com a parte instrumental, que é o forte dessa música. Mesmo assim, destaco a voz. E destaco também a melhor letra do álbum.
trecho da letra: “before you've had too much / come back and focus again”.

Videotape”: nesse exato momento, minha preferida. Tranqüila e simples. Música que pode servir de lullaby. Fecha muito bem o “In rainbows”, pois destoa do início marcado e mecânico. É uma música repetitiva e até mesmo um pouco sombria, para se fechar as cortinas, ajeitar o cobertor e descansar. O final dela é quase nonsense.
trecho da letra: “this is my way of saying goodbye / because I can't do it face to face / so I'm talking to you before it's too late”.

É isso.

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