segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Maçã morna, canela doce

Cordas e palmas estalando logo ao longe. Um cheiro espanhol se espalha na tarde. Maçã com canela doce. Ar morno. E nos pés ela sente o formigamento estranho, o desejo de correr e engolir ar gelado, deglutir um pouco de tudo. Quer entendimento. Quer dançar com um aperto forte na cintura, firmeza nos quadris, o pensamento no céu. Girando e engolindo vento. Entendendo um pouco do mundo... Aperto no céu da boca. Desejo doce de maçã com canela. Um lenço vermelho, um pouco de gim. Sim, hoje ela se esquece do tempo e se deita preguiçosa no espaço... Voz rouca. As cordas se expressam por ela. Aperto nas mãos, e a fuga insana para a toca na árvore mais alta. Que a voz raspe na madeira e alguém a abrace de um jeito cálido, e calado, e só e distante. Ela só quer dormir. E dançar na vastidão profunda de uma nota solitária e perdida no meio do sol, no meio de um grande acorde azul... e quente. Maçã doce com canela. Olhar furtivo, pendente, jogado de lado no chão. E ela dança e dança abraçada a si mesma.


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