sábado, 28 de fevereiro de 2009

laços


hoje precisei sair. passear. mesmo com o corpo cansado, as pernas pesadas. precisava ficar olhando pra todo o concreto que paralisa essa cidade e perguntar às colunas, ao asfalto, à atmosfera sufocada de poluição: o que há?
meus amigos. o que anda acontecendo com meus amigos? enquanto fico pesarosa por aqueles que estão longe (distância criada pelos motivos naturais dessa vida insana onde somos engolidos aos pedaços pela correria do tempo), os que estão próximos não estão perto, os que estão perto não estão bem. aperto, agonia.
agonia pelo meu estado de espírito depender de seus estados de espírito. tenho problemas em ficar feliz com a felicidade alheia, em viver vidas ao invés da minha, em fugir correndo quando fico com os meus problemas a me encarar. acho que sou como aquela telespectadora de setenta anos de idade que se sente de novo menina através das histórias de novelas e livros. acho que sou também como um coelho que fica pulando de toca em toca com medo do sol. ultimamente ando escondendo os raios que escapam de todo o meu que há pra ser resolvido. nós não atados, minha neblina.
ah, meus amigos, meus amigos... eu fico impressionada como todos se enroscam nos mesmos complicados laços. e como são tão sinceros ao se atarem com tantas veias e tanto coração... me desespero.
me desespero com o desperdício. do que pode(ria) ser. pessoas loucas. quando chegarem aos setenta anos vão se arrepender de terem se perdido no meio de tantas pequenices. surgirão lágrimas. irreversíveis. gotas duras do tempo que passou e não volta. eu explico isso a eles. eles parecem que não entendem a mensagem. são tão jovens... e pisam nessa juventude, cospem nas possibilidades, contém os transbordamentos. geração completamente enclausurada em si mesma. que medo, meu deus.
só queria que fossem felizes, que tivessem histórias para contar a filhos e netos. que acordassem numa das manhãs de suas últimas existências e pensassem sem saber: valeu a pena. que respirassem fundo, abraçassem suas lembranças. que soubessem explicar aos seus pequenos quando esses precisarem saber o que é o mundo. a humanidade que ainda existe em todos nós nos foi plantada pelas palavras dos mais velhos. que meus amigos se desamarrem de suas insignificâncias e consigam construir um conteúdo para essas palavras. não deveríamos ter uma nova geração vazia de memória, de valores, de laços de origem e de pertencimento.
se libertem.
vivam.

pode ser egoísmo... (sou egoísta?), afinal, sendo felizes, sou um pouco feliz. podem dizer que no fundo sou egoísta, já que é uma transferência direta de suas vidas para a minha vida. que chamem de egoísmo. acho que na verdade é uma coisa apenas triste... quem realmente anda pisando em seus jovens anos? quem se enclausura?

(tudo mais do mesmo... como essa vida cansa).


p.s. I: eu sei que muitas vezes tudo é muito maior, mais complicado, sempre impossível. apenas não desistam. apenas não se percam. não sejam velhinhos e velhinhas de setenta anos antes do devido tempo, pequenas crianças. =)

p.s. II: abraços ainda resolvem a vida de vocês? acho que não... mas ajuda em algo, pelo menos? sei que é pouco, mas nem sei mais.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

[sessão]: mulheres in-color








[sessão]: mulheres in-black-and-white






























quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Branco


E eu aqui, sem conseguir escrever nada...

Acho que a efusão gastronômica do post passado demonstra um pouco do vazio que é esse atual bloqueio. Quando eu não consigo escrever começa a aparecer umas bizarrices saindo dos meus dedos. Só me dou conta quando elas já estão no papel e eu cá fico saboreando algum alívio por ver o branco preenchido. Alívio esse puramente falso, já que é apenas papel preenchido com palavras pastosas, enjoativas. Sinceramente, dispenso.

Olha, e nem é bloqueio por falta de inspiração. Coisas belas, horríveis, cínicas e profundas estão acontecendo ao meu redor aos montes, quase posso tocá-las de tão vivas e consistentes que elas são. Mas não despertam o antigo formigar dos dedos e aquele desespero de sede louca por um pedaço de papel e uma caneta. Acho que finalmente estou me tornando um ser insensível ao mundo e preguiçoso às palavras. Talvez seja isso. Ainda bem que eu sempre simpatizei com o silêncio e ser sensível pelas esquinas desse planeta... perda de tempo.

(cantarolando The Doors... muito bom).

domingo, 22 de fevereiro de 2009

De graviolas e carambolas

(com calda de goiaba)

Acontecimento inusitado de sexta-feira: milkshake de graviola. Gostinho de quando a gente perde de ver chuva de verão e fica buscando o cheiro da terra molhada só pra poder morrer de saudade depois...
[Coisas da existência.

Calda de goiaba no sorvete de baunilha... Sabe, goiaba em pedaços com calda? Então. Aquele derretimento todo avermelhado, cor das rosas quando estão acabando, todo o cheiro de sede úmida...
[Nem pro mundo inteiro desabar em goiabas e rosas.

Uva passa com chocolate. Rum. Mais sorvete. Sorvete de rum com uva passa e chocolate. Um pouco mais de rum. Agora abrace alguém. Sinta um pouco de frio. Termine com mais chocolate. Recomece com mais rum.
[Ache um cobertor felpudo e com amor.

Morda algumas carambolas, daquelas bem maduras, delgadas. Suje os dedos e o queixo, deixe os dentes se entenderem com as pontas de estrela. Corte kiwis e derrame açúcar. Cubra com morangos. Encontre um pouco de limão com gelo, lua e suor.
[Essa noite quente sempre esteve esperando por aqui.


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

(grãos)

acho que dissolvi a existência em dedos de areia...

(me debruço num pedaço de palha e vejo o vento passar).