segunda-feira, 9 de julho de 2007

Wings and a white balloon

“one day I’m going to grow wings
a chemical reaction
hysterical and useless”.

(trecho de
Let down, Radiohead)

Sempre há uma música que cai aos seus ouvidos e, naquele dia em especial, você sabe que só ela pode te fazer chorar. Por mais que você já a tenha escutado outras vezes, aquele é o dia e o momento do encontro entre você e ela. Não? Isso não acontece geralmente com as pessoas? Hum... Pois comigo acontece.
Não que eu tenha chorado no sentido denotativo do verbo. É mais como chorar por dentro, como uma das personagens de um livro do Henry Miller que naquele momento só chora, se desmancha, por dentro e só por dentro. É algo cristalino explodindo dentro de você, em “mil pedaços”, como já dizia o título daquela música escrita pelo Renato (Russo).
É, estou cheia de referências hoje. Relacionando tudo, até o futuro nos próximos 30 anos, o Universo, a existência, o sentido de tudo e a indefinição de tudo. E assim a mente gira e gira. Trauma de roda-gigante? Segundo a minha mãe, talvez eu tenha. Segundo eu mesma, talvez só mais um blábláblá verdadeiro.
What else? What else nada. Está tudo como um grande balão de ar branco suspenso ao vento, contra ele, tentando levar o ar que está dentro de si contra o ar que está revolto fora de si. Levar para algum lugar desconhecido, lá onde eu queria tanto saber onde fica.
Será que alguém me leva? (“take me on board their beautiful ship / show me the world as I'd love to see it”?) É possível se chegar lá através de alguma companhia e não somente por si só? Melhor, esse lugar realmente existe ou estamos apenas tentando achar para onde se fugir do mais do mesmo? (“there’s a trapdoor in the sun”?)
Às vezes..., não, muitas vezes, aqui “up here in my tree”, eu não tenho nenhuma vontade de descer, por mais que o contato com o mundo seja (supostamente) necessário para o nosso desenvolvimento enquanto... enquanto seja lá o que formos. Lá fora “the floor is collapsing”, e as minhas asas, quando em breve crescerem depois da minha reação química histérica e completamente inútil, serão sensíveis demais para atravessar o dia, as pessoas, a poluição e o barulho. O mundo é cinza, e eu quero tentar vê-lo azul. Eu e o meu balão branco. Eu e as minhas asas.
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(explodindo em mil pedaços)

domingo, 8 de julho de 2007

(chá de maçã + biscoitos: pequenos efeitos)

Há coisas que te abordam de uma forma tão terna e simples, como se fossem cristais líquidos-gelados nas têmporas, nuvens em pedaços para se morder, flocos de veludo... Talvez sejam esses os momentos de suavidade em que se pode observar a (pouca) beleza que ainda existe no mundo, como já dizia a frase daquele filme*.
Não é só o vento frio que sopra contra o céu limpo, a mão que esbarra na outra e a sente, a risada incontrolável, a surpresa mais surpreendente, o “olá” perdido no tempo ou a imaginação flutuando naquela dança imaginária que nunca acontecerá... Saias rodadas e sapatilhas de seda, orvalho e sede, talvez lágrimas e uma voz doce, bolinho de chuva, chá de maçã, chuva de verão e maçã verde... Sono de canto, tristeza de esquina, o vestido calado... Luz que pisca sem parar, um sol apagado contra o teto e uma borboleta perdida na parede, plumas sob os pés e um pouco de soluço nas veias, aquela frase engavetada e a saudade do que só ficou no etéreo, eterno, e aqui...

É melhor eu parar de viajar a essa hora da madrugada...


* “Sometimes there’s so much beauty in the world I feel like I can’t take it, like my heart’s going to cave in”. (do filme American Beauty)


(trilha sonora: Messenger, Blonde Redhead:
“behind those clouds, I’m almost home”.)