quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Envelhecimento, futuro e morte

“don't kid yourself
and don't fool yourself
this love's too good to last
and I'm too old to dream

don't grow up too fast
and don't embrace the past
this life's too good to last
and I'm too young to care

don't kid yourself
and don't fool yourself
this life could be the last
and we're too young to see”.


(Blackout, Muse)

É incrível como só percebemos certas coisas quando elas surgem muito próximas a nós.
Hoje de manhã cedo me deparei de forma direta com a velhice, passagem do tempo inerente a tudo e a todos, inevitável... A velhice. As olheiras, o olhar cansado, a sensação de automatismo tedioso de uma vida sem maiores aventuras e emoções. Os braços largados ao lado do corpo, como peças de uma marionete vítima da máquina gigantesca que é o mundo, a vida, as coisas e o tempo.
Se encontrar com a velhice assim, crua e próxima, pode parecer, à primeira vista, impactante. Mas não. É mais como um entendimento silencioso, seguido do famoso questionamento existencialista “quem somos, de onde viemos, para onde vamos”. É uma compreensão calada. Tranqüila. Plácida. O tempo é inevitável. E a velhice está aqui.


***

Anteontem à noite, portanto, uma segunda-feira, dia 08 de Outubro de 2007, entre mais ou menos 22h30 e 23h, eu planejei todo o resto da minha vida. Pode parecer ambicioso demais fazer isso em cerca de vinte, trinta minutos de um dia qualquer, voltando pra casa, dentro de um ônibus e, depois, andando pelas ruas... Mas foi isso mesmo que aconteceu.
Estava lendo um pouco, e sentia uma espécie de raiva reprimida de não-sei-quê-não-sei-quem. Fechei o livro. E terminei a viagem conversando comigo mesma, listando na mente as coisas que queria fazer um dia. Fui as encadeando, colocando cronologicamente, calculando os anos. Cheguei em casa com minha vida traçada, no mínimo, pelos próximos 25 anos.
Foi uma experiência ótima. Como tomar ar depois de vários minutos submerso. Você enche bem os pulmões e num átimo sente que realmente está vivo.
Agora é trabalhar para seguir os planos, realizar todas as metas, conhecer, experimentar e ousar toda a pluralidade de coisas que essa súbita reflexão trouxe.
Sou dona completa da minha existência, seja ela corpórea ou espiritual. Sou dona também do meu espaço, seja ele o físico que meu corpo ocupa ou o imaterial que a minha mente explora; dona das minhas palavras, dos meus atos, da minha visão de mundo. E agora sou dona também do meu tempo e, principalmente, do meu futuro. Sou absoluta.

***

Cheguei em casa há menos de uma hora e soube que ontem uma moça se suicidou no viaduto que vejo através da janela. Se jogou, simplesmente. Era por volta das 16h30 e ela parou, olhou, passou as pernas sobre as grades, mirou o chão. Algumas pessoas viram. Minha irmã me descreveu a poça de sangue que ficou no asfalto depois do ocorrido. A moça tinha brigado com o namorado. Não tinha mais onde morar. Se matou.

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