sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Dia triste

Hoje o dia amanheceu triste. Uma garoa insiste em não tocar em nada. Um vento incessante que não resfria a pele. O ar condensado num silêncio terno.
É um dia de olhar o horizonte e contemplar a beleza de um espaço vazio. De tocar no tronco das árvores e procurar vida. Senti-la. Tocá-la.
Dia de caminhar a esmo pela grama e fugir do tempo. Dia de se esconder dentro do bosque mais lindo e agarrar o ar.
É dia de procurar coelhos marrons nas tocas da alma, de colocar flores amarelas e roxas na boca.
Dia de acalanto. De pisar em folhas secas para deglutir o barulho. Dia que cheira a café fresco. Dia de ignorar a indiferença das pessoas. De ouvir palavras doces da boca de uma mãe. De encerrar um bebê nos braços e chorar baixinho a felicidade da existência.
Dia de pensar sobre o quadriculado xadrez do destino. De perder as chaves. De carona, mudar de mundo.
Dia de desalento. De chocolate quente frio. Passas. Pés descalços. Mãos inquietas, pescoço
coberto. De manhã nublada.
Dia, dia, m
ais um dia.
Dia triste.
E perfeito.

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