Estive pensando em escrever sobre cotidianeidades desde ontem à noite, após perceber que essa semana que passou não foi das mais comuns. Aliás, muito pelo contrário: foi aquela semana onde acontecem as coisas mais estranhas, aquelas de quase-nunca.
De início, pensei em manter a coerência de datas e nomes, organizar tudo em texto coeso pra não esquecer, porém, a memória não é feita de fios em ordem, e sim dos nós (e de nós), assim...
Acho que aprendi a não acreditar muito no que as pessoas dizem enquanto suas resoluções definitivas. Um “não”, ao que parece, pode se transformar num “absurdo” (ótima definição, aliás). Enfim..., saudades doces pra ficar dessa etapa algodoada da vida.
Tive uma aula ótima sobre “nós que estamos sempre sendo e que nunca somos”. Logo depois dela aconteceu uma coisa triste com uma moça, e daí eu fui almoçar correndo pra poder pensar direito nas coisas e, ao mesmo tempo, fugir do que podia descobrir pensando demais.
Um amigo escreveu uma música e irá me mostrar. Já está com a melodia e é relacionada à vida da mãe dele e àquelas realidades de existências paradas... Vou gostar que ele me mostre.
E, falando sobre bolos, não dá pra comer bolo com certas pessoas, não é mesmo? É uma guerra de garfos vazios e metáforas afiadas. Eu, sinceramente, não entendo. Já desisti de entender. Gato e rato tentando se morder nas palavras, brincando pelos farelos das letras. “O mangi questa minestra o salti dalla finestra”. Okay... Mais je reste encore à rien comprendre.
Essa semana também me disseram: “a sua relação com a literatura é muito sofrida”. As pessoas não deveriam me dizer coisas assim, pois, por mais que no fundo eu já soubesse disso, na realidade eu ainda não sabia porque nunca tinham me dito. Desde então, toda vez que abro um livro, fico pensando no quanto vou sofrer para terminar de lê-lo... (Medo gelado de Proust).
Nesse mesmo dia, recebi uma notícia não muito agradável e à qual não estava realmente esperando. Como já tinha pendências a refletir, tive uma sobrecarga de coisas para pensar e, com isso, fui ler García Márquez (conto “Eva está dentro de seu gato”) para descansar. Essa sim foi uma leitura sôfrega, feita de pausas. Senti uma tristeza tão densa, um sentimento tão cheio de raízes..., me percebi profundamente viva.
Saímos em família no domingo. Acho que não fazíamos isso há uns bons... anos?
E o que fazer com aqueles que a gente só quer proteger da chuva e do vento, mas que só se escondem no eterno ir embora? Talvez seja só a possibilidade impossível das pontes e de tudo o que trinca sem motivo aparente.
O “absurdo” é de uma delicadeza surpreendente. Tão agradável... E tudo bem.