terça-feira, 16 de setembro de 2008

Sentidos I


Não é bom ficar guardando o sentido. Os tantos sentidos com as marcas alaranjadas do passado, com sua poeira colecionada cuidadosamente grão a grão. Os sentimentos que não existem mais catalogados todos em prateleiras, numerados, classificados de acordo com sua intensidade e relevância. Sentidos perdidos lá dentro, como uma biblioteca labiríntica que visitamos quando bate a saudade triste de repente.
Esses sentidos, em sua maioria, surgiram porque algum dos cinco sentidos foram despertados bruscamente. Foi um cheiro que passou correndo e você agarrou sem saber, foi o esbarrão que na hora doeu mas que depois não doeu mais a não ser na lembrança, o gosto diferente daquele chocolate que te deram sem você querer, a palavra que só você ouviu ao acaso, aquilo que só você fez questão de olhar.
É a vida latente dos primeiros sentidos, provocados pelos segundos sentidos, que faz com que você perca o sentido para onde estava indo,
ignore os sentidos para onde irá e dê sentido para cada dia que você acorda não vendo sentido algum.

Nenhum comentário: