terça-feira, 16 de setembro de 2008

Sentidos II


Nem sempre quando acordamos temos em nós o pleno sentido das coisas, das pessoas, do mundo, da existência ela inteira em si.
O cotidiano ligado num piloto automático, com sua mecanicidade e velocidade, com a precisão de uma máquina enferrujada e precária que insistimos ser perfeita, nos torna rígidos, insensíveis e impenetráveis como uma chapa de aço.
Concordo que isso talvez seja um sistema de defesa, para não se absorver por completo a ilogicidade da realidade, para absorvê-la somente em pequenos fragmentos. (Doses homeopáticas das coisas confusas e surreais que não temos a plena capacidade de compreender).
Pode ser por isso que refletimos tão pouco, que não nos permitimos nos distanciar e olhar com estranhamento para o mundo. Se pensássemos na imperfeição da realidade com mais freqüência, se nos deslocássemos mentalmente da banalidade da nossa rotina,
teríamos problemas em encontrar certos sentidos, certas significações para coisas e eventos que, antes, nos pareceriam normais.
A normalidade é facilmente destruída se observada por um olhar mais torto, um olhar mais aguçado e sem receios. O interessante é que, quando perdemos nossas referências do que é normal, os alicerces que moldavam o chão onde costumávamos pisar toma um ar amorfo, se torna nebuloso e desfigurado. É como se a engrenagem da máquina que nos move emperrasse. Você fica lá, eterno, esperando o conserto que trará de volta seus sentidos perdidos.


Assim, dica: não absorva o mundo sinestesicamente, faz mal.


[post confuso e sem sentido (não foi de prepósito)]

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