segunda-feira, 16 de março de 2009

de tudo isso, ainda


(ou destroços)

de todas as vezes que aparei as arestas do teu pão, esfriei com calma o leite quente, te abracei cálido nos começos das manhãs. de todos os momentos que te olhei com admiração e doçura, que me curvei aos teus apelos, que escorri lágrimas nos teus cabelos. de todo o tempo que passei calado te percebendo dormir, acalentando teus sonhos, escondendo pesadelos. de todas as vezes que cruzei meus dedos na plataforma do trem e os amarrei aos teus. de todos os dias que passamos separados, cheios de culpa, pingando remorso. de todas as brigas mundanas, beijos no pescoço, de cada silêncio teu-meu suspirado. de cada passo de dança no carpete sujo, de cada lençol alisado por teus medos, de cada cheiro molhado de banho no chuveiro. de cada palavra não dita, de cada olhar gritado, de cada toque sem jeito. de cada trecho de mim, ponte tua, abismo nosso... de tudo isso, minha bela, o que ainda nos restou?

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