segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Fragmentos # 09


no meio da floresta ela desamarrava os cadarços e grudava os dedos na terra coberta de folhas geladas. lá achava o que tinha perdido desde criança: a crença na liberdade da vida.


do arrepio na pele desenhou no teto toda a aspereza do seu medo e os soluços do seu pânico. puxou o travesseiro pra mais perto, fechou cuidadosamente os olhos,
se lembrou de todas as preces que sabia. nunca mais dormiu.


sobre a colcha de retalhos ela desfiava e rasgava a barra do vestido. tirou um pedaço da manga. desfez o laço de fita. bagunçou os cabelos e deixou cair no chão seus poucos sorrisos. lá ficou, calada, olhando seus restos “de noite velha”.


esqueceu seus sonhos numa caixa de marfim, fechou a alma de vez e foi colher trovões.



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