quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Que acabe.

Que este ano acabe. Que o tempo do calendário se desfaleça nos meus braços feito criança adormecida pra embalar com ternura. Que os dias de peso e tédio se desfaçam, que tudo vire cinzas, que só fique alguns amarelados cacos.
Quero que acabe. Que o vento congele e esqueça lembranças, que só reste as nuances azuis do que foi bem cultivado por ser frágil. Que os meses sejam dobrados e amarrados, que as semanas se percam. Que vá embora, seja tudo levado pelo odor circular do tempo.
Que este ano acabe. Que carregue consigo o que a maré cuspiu, devolveu, trouxe de volta. Que seja trancado, perdido, anulado. Que as páginas sejam arrancadas e reescritas, que as rachaduras se preencham com esquecimento, que durma profundamente e só acorde ao som de muitos fogos de artifício.


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