quarta-feira, 14 de maio de 2008

todos os momentos em que ela precisava descansar.

todos os momentos em que ela precisava descansar. recostar os ombros nas profundezas de pensamentos inconscientes. derreter seus olhos doídos de tanto mundo dentro de um copo morno, talvez com um pouco da maré e de seu sussurro sonolento. todos os minutos preciosos em que se via só, protegida e isolada, com o tempo e a disposição para refazer-se, encontrar-se, limpar e reaver sua alma sempre resguardada no bolso qualquer. todas as vezes que desgastava-se um pouco mais em nome de algumas notas tocadas baixinho no ouvido, só para que assim um outro plano se abrisse e, tranqüila, ela cedesse ao aconchego gigante de sua cama fria que sempre a acolhia como se ela fosse a última das crianças. as pálpebras clementes buscando o breve adeus da luz, os rumores do silêncio pedindo um pouco mais de calma, um pouco menos de dor. sua medula chorosa que contava aos ombros lânguidos os segredos da quietude doce que o corpo se permite quando descansa. a fuga lenta da realidade. a chegada vitoriosa do sono, dos sonhos, da paz. os sorrisos luminosos debaixo dos panos fofos e dos pedaços de espuma. durmamos, enfim. ao som de violinos.



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