quinta-feira, 28 de junho de 2007

Separados pelo tempo

É interessante quando se percebe a enorme distância que surge entre pessoas que um dia foram próximas. De repente, por seguirem caminhos diversos, por começarem a freqüentar lugares diferentes, viver em ambientes distintos, enfim, por terem curvado para direções opostas em determinado momento, se vêem hoje como completas estranhas entre si, simplesmente seres estranhos que se conheceram um dia.
Parece paradoxal o encontro entre a idéia do estranho e a do conhecimento, mas se se pensar que a cada dia somos diferentes por mudarmos de acordo com o nosso convívio diário com outras pessoas e com a realidade em si, por estarmos em constante absorção do mundo e, assim, em desenvolvimento, temos que pessoas que deixaram de manter um contato mais próximo, ao se reverem já com o tempo entre elas e somente com o passado interligando-as, não conseguem fazer com que os laços existentes no passado se reestabeleçam de forma concreta e imediata no agora.
A passagem do tempo, além da individualidade e do egoísmo naturais do ser humano, separa as pessoas de modo tão avassalador que a maioria dos laços do passado, se na época não eram bem atados, se desfaleçam completamente a partir de um rever-se no hoje. Os reencontros com pessoas do passado só são válidos se os envolvidos têm certeza da solidez de sua antiga relação, solidez essa que possibilitará entre os dois uma reaproximação lenta e gradual.
Entretanto, o complicado desse retorno é que o processo de conhecimento, de construção do entrosamento entre os amigos do passado, tem de se dar novamente desde o início, afinal, o afastamento e o tempo geraram pessoas diferentes, com toda uma experiência angariada com o tempo que precisa ser partilhada para que uma sintonia se estabeleça e “se fale a mesma língua”.
Por outro lado, temos uma incrível facilidade para ter relações de amizade temporárias. A idéia dos amigos por conveniência é algo tão comum que fica difícil de se estabelecer os limites entre essas relações e as verdadeiras ou, melhor, acabou se tornando complicado se ter relações verdadeiras a partir do cotidiano atribulado no qual todos estamos inseridos. É engraçado notar, porém, que essas relações mais profundas só podem existir justamente a partir dessas amizades
fast food. Assim, por mais que às vezes as amizades por conveniência sejam de certo modo vazias de uma significação maior, aguarde e passe a amar muito tudo isso, pois só daí se poderá construir algo mais resistente ao tempo.

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