domingo, 16 de abril de 2006

“Código Da Vinci”

Li o “Código Da Vinci” em fevereiro de 2005 e, confesso, foi um choque. Eu, criada de acordo com o catolicismo, com uma mãe de fé inabalável, nunca imaginei, nem cogitei o “absurdo” (na época) de ver Jesus e Maria Madalena juntos, e tendo filhos (a “linhagem real”, segundo o livro).
Pois é, mas quando a gente vai pra universidade, fazer uma faculdade na área de humanas, passamos a ver as coisas de uma forma mais ampla, com uma visão mais despreocupada e aberta e, no fim, eu acabei achando a idéia o máximo, fora que todo o papo de simbologia, antiguidades e artes no livro, pra mim, é um prato cheio.
Bem, depois de ler mais uns livros relacionados ao assunto, começar até a estudar um pouquinho o livro “A Demanda do Santo Graal” na faculdade, deixei a polêmica de lado, pois pra mim era só mais um, dentre tantos, assuntos polêmicos a serem discutidos.
Entretanto, logo depois, soube que o Tom Hanks (sim, o meu adorado Tom Hanks) ia fazer o filme, e pensei: “claro, ingresso comprado!”.
O tão aguardado filme estreará no Festival de Cannes agora no início de maio, e a polêmica, que já vem sendo trançada a algum tempo, agora, com a proximidade do filme vir à público, está fervendo. A Igreja Católica e a Opus Dei estão arrancando os cabelos, berrando e se mostrando em desespero em relação à mídia, com frases do tipo: “(...) o demônio está solto e segue cobiçando as almas” (Folha Online - 17/04), “d. Geraldo Majella Agnelo, 71, disse hoje que os católicos não devem assistir ao filme “O Código Da Vinci” (Folha Online - 12/04) e, uma frase mais antiga, “(...) Opus Dei espera que o filme “O Código Da Vinci” (...) seja proibido aos menores de idade para “protegê-los da manipulação da história”.” (Folha Online - 19/01). Pena que eles parecem não saber que quanto mais alarde eles fizerem, é aí que o seu tão puro rebanho irá assistir ao filme e até lerá o livro. Já dizia a frase: “tudo que é proibido é mais gostoso”.
O livro fez um enorme sucesso justamente porque trazia um gigantesco tabu às páginas que custam por volta de R$ 30,00 / R$ 40,00, fora a propaganda boca a boca e a Internet que funcionam muito bem na divulgação de qualquer coisa.
Outro fato que também ajudou ao “Código...” é que ele virou símbolo cult, ou seja, eu pegava o ônibus e via pelo menos umas cinco, seis pessoas com esse livro na mão, devorando-o. Ler o “Código...”, pelo menos aqui em São Paulo, virou uma espécie de marca de que você tem uma certa bagagem cultural, um hábito de leitura, de que você não é simplesmente um corpinho bonito e uma cabeça vazia, entende? (mas, convenhamos, o livro não é nenhuma obra de arte literária, e sim apenas mais um livro para vender, um best seller, e ponto).
As grandes questões nisso tudo são: por que a Igreja Católica não cede o seu corpo de padres, cardeais e estudiosos para o debate das questões religiosas, de uma forma aberta, clara e científica? Por que eles ainda mantém vários preceitos que foram inventados? (é, alguns deles foram inventados em nome da submissão permanente dos fiéis na época da Idade Média) Por que não discutir, não ir em busca da verdade, como disse o próprio Tom Hanks?
Mas parece que todas essas dúvidas não serão solucionadas tão cedo, já que nem o fato de se ter encontrado um novo evangelho recentemente, o de Judas, fez com que a Igreja se mexesse e levasse a descoberta à discussão.

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