segunda-feira, 23 de junho de 2008

Quase sobre a amizade

Já disse em algum lugar por aqui que escreveria sobre a amizade. Acho um pouco difícil escrever sobre algo tão grande e mágico quanto essa relação doce que as pessoas se propõem a ter umas com as outras em nome talvez de empatia, de afinidade, de desejo mútuo de convivência, de afeto, carinho, respeito.
Acho mais fácil, porém, falar então de como certas pessoas podem simplesmente salvar o seu dia, às vezes com o toque mais cálido ou com a frase certa na hora certa, com aquela conversa longa e profunda, ou então com o falatório mais
nonsense e engraçado, puro desperdício de tarde mais que essencial para nos mantermos ainda humanos no meio de tanta desgraça.
Muitas pessoas não têm qualquer percepção do poder que elas têm de apoiar por um instante sua vida sem amparo ou sentido. Basta um sorriso de peito aberto, um olhar mais sincero, uma frase boba deixada no ar sem conexão com nada ou, ainda, o papo naquele idioma secreto que só quem se conhece sabe falar. Tudo isso pode reconstruir sua vontade perdida de ainda ser neste planeta tresloucado, pode fazer com que a neblina mais densa, a saudade doída e secreta, o frio intenso da madrugada ou a desesperança que chega implacável se dissolva, se suavize. Resumindo, o sopro de uma palavra amiga pode gerar incríveis e positivas transformações.
E aqui entramos no peso plumoso das palavras, nesse rio vigoroso de poeticidade que podemos derramar por aí. As palavras... cheias de tanto tudo. Elas que chegam sorrateiras e inocentes, vão se encontrando, se namorando e, de repente, numa pequena explosão sintático-semântica, nos transporta paradoxalmente para o indizível.
É realmente bom quando essa explosão é provocada por aquele mesmo ser que faz contigo as coisas mais triviais do dia-a-dia. É simples e, por isso mesmo, bonito, muito bonito.

Agradeço de alma a todos eles: amigos. =)


Um comentário:

gabriela ismerim disse...

"As palavras... cheias de tanto tudo."

te amo, vai...